terça-feira, 24 de março de 2009

É Mooca, meu!

Algo interessantíssimo é reparar a revolução na língua portuguesa organizada por placas e outras manifestações por escrito pelas ruas. Até a década de 1980, era bem comum ver carros com a seguinte frase no vidro sujo (escrita com o dedo): “lava-me”.

O tempo passou, chegou a década de 1990, e as pessoas começaram a se confundir com a colocação pronominal, assim, o “lava-me” virou “me lava”. Erro bobo perto da Brasília que eu vi outro dia com o vidro enfeitado por um “mi lava” em letras gigantes.

Mas como exigir perfeição no português do engraçadinho que escreve em carros sujos, se as próprias placas de trânsito cometem suas gafes? Erros que, inclusive, confundem-nos na hora de escrever. Exemplo clássico é o bairro paulistano Mooca, reduto da italianada que resta na cidade. Uma placa indica Mooca, a outra Moóca. Para quem vive de memória fotográfica é confusão na certa.

- É Mooca, meu! - diz o gramático chacoalhando as mãos.

O erro de português estragou até mesmo uma romântica declaração, de um desesperado homem ansioso em recuperar (ou conquistar) sua amada. “Selma fror de maio te amo”, dizem os cartazes espalhados por avenidas e viadutos. Dias depois, o apaixonado foi avisado por algum colega sobre o erro da placa — que poderia causar o afastamento de vez da moça.

E lá foi ele. Sem apagar o “R”, escreveu um “L” bem em cima. Depois dessa, a moça até poderia perdoa-lo. No final das contas, ele aprendeu.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Lei de Talião

“PROIBIDO ESTACIONAR
SUJEITO A GUINCHO
CASA DE MÉDICOS
ENTRADA E SAÍDA DE CARROS DIA E NOITE”

Acredite, essa placa pode ser vista no portão de uma casa no bairro Cerqueira César. Não é por nada, mas ser médico garante o privilégio de não ter um idiota estacionado na frente da sua garagem? Ou é isso, ou a placa serve mais para mostrar aos vizinhos, “olha, sou médico e minha esposa também. Desculpa, mas somos pessoas extremamente ricas, inteligentes e bem sucedidas.”

Fiquei indignada. Quer dizer que se eu estiver morrendo na minha casa e meu pai precisar me levar ao hospital com urgência, não conseguirei sair da garagem porque há um carro na frente do portão? Afinal, sou jornalista. Não tenho um motivo nobre para sair e entrar em casa “dia e noite”.

Mesmo com tamanho apelo, duvido que a pessoa que tenha o hábito de estacionar no portão dos outros fique comovida com a casa dos médicos. O argumento é simples, são sempre “cinco minutinhos”. Teoricamente, os cinco minutinhos corresponderiam ao tempo que o médico leva para colocar o jaleco e fazer um xixi antes de atender a emergência. Então, por que não estacionar?

Para a minha casa já decidi. No portão da garagem colocarei a seguinte placa:

“Proibido estacionar. Casa de proprietários de desmanche. Carro depenado em 10 segundos. Em cinco minutinhos as peças já estarão em Diadema”