quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Extra, extra!

Acordar cedo para trabalhar sempre é um grande desafio. Confesso que meu humor não é dos melhores nas primeiras horas do dia. O trânsito colabora bastante com o sentimento de viver o clássico `Um dia de fúria`. Talvez seja por isso que algum gênio do marketing inventou as esverdeadas mocinhas que entregam o jornal gratuito Metro.

Aquela roupa fluorescente parece um oásis de alegria no cinza da cidade. As entregadoras do jornal, a maioria baixinha, estão sempre sorrindo com um exemplar na mão, é contagiante. Só tem um problema, elas nunca entregam o tal do jornal para mim. Frustrada pelo abandono, decidi mudar a tática de abordagem – meio limitada por estar dentro do carro.

Imaginei que, por causa do meu mau-humor matinal, ficasse com cara brava, fechada. Então, resolvi sorrir. Foi só o primeiro sinal fechar e eu abri aquele sorriso enorme, cheio de dentes. Não adiantou. A mocinha saltitante não quis nem saber e pulou meu carro.

No dia seguinte, inconformada, decidi não usar óculos de sol. Os olhos devem sorrir junto, eu pensei. Olhei para a cara da mulher e sorri com aquele olhar de “eu quero muito ler esse jornal.” Que nada, ela ficou interessa mesmo foi no taxista que estava de graça. Perdoei, afinal, a moça tem todo o direito de flertar.

Depois disso, adotei a tática da janela. O meu carro nunca fica com o vidro fechado, mas dessa vez escancarei a janela e coloquei o “bração” para fora. Resultado, meu braço quase foi levado por um motoqueiro e eu fiquei sem jornal mais uma vez.

Após duas semanas dedicadas à luta pelo Metro, resolvi deixar para lá. Quem sabe alguém do concorrente Destak passa e reconhece a minha importância como leitora, afinal sempre passo horas em congestionamentos?

Como tudo na vida, as coisas só acontecem quando a gente desencana. Lá estava eu, parada, curtindo o som do carro e viajando em meus pensamentos, quando aquela radiação verde se aproximou do carro: "moça, aceita?" Que felicidade! Peguei o jornal da mão da mocinha e a agradeci como se fosse a chave de um Volvo C30 zero quilômetro. Ela retribuiu o sorriso, o farol abriu e eu segui toda contente para mais um dia de trabalho. Foi a única vez que li esse jornal de cabo a rabo.

Um comentário:

Anônimo disse...

nem sorriso no rosto e nem o brilho dos olhos foi suficiente para receber uma edição do jornal...q coisa! da próxima vez cola uma faixa no vidro do carro: eu quero o meu Metro...

igual ao comercial da bicicleta Caloi há uns tempos atrás: Não esqueça a minha Caloi!!