terça-feira, 19 de outubro de 2010

Chuva colorida

Se você acha nojento ver o cidadão do carro ao lado cutucando o nariz, tenha certeza de que isso não é nada. Muitas coisas nojentas são vistas no dia a dia do trânsito como a “limpeza de salão”, de miradas de pombo na blusa a pedestres sortudos que enfiam o pé no cocô de cachorro e saem arrastando ao longo da calçada.

Um taxista me contou uma vez uma história digna do troféu “fiz caca no trânsito”. Minutos após uma passageira entrar no carro, ele sentiu um odor esquisito, mas ficou quieto. Somente quando a mulher levantou, é que percebe que ela tinha feito xixi no banco. Detalhe, a moça estava de saia. “O pior é que ela não quis pagar a lavagem do carro. Me deu o dinheiro da corrida e foi embora”, lamentou o taxista que perdeu um dia de trabalho para deixar o carro limpo.       

O conto é bom, mas também não supera o que testemunhei esses dias. Está bem, vou parar de enrolar e contar. Foi uma chuva colorida nunca vista antes na história deste país.

Tudo começou quando um ônibus parou no semáforo ao lado de três carros. Salva por um pseudo TOC, não emparelhei com o ônibus e pude assistir a tudo de camarote. Fiquei atrás do último carro da fileira, mas com boa visibilidade para toda a confusão.

Um menino, de uns 9 anos de idade, não passava muito bem, por causa do balanço do último banco do ônibus. Verde e desesperado, o pequeno abriu a janela e jorrou tudo o que tinha na alma para fora. Obviamente, se vomitasse dentro do veículo, a desgraça seria pior. Afinal, olhares coletivos de vergonha alheia são dignos de traumatizar qualquer infância.

Livre da ressaca moral, o moleque mirou bem para não acertar nenhum dos carros e nem a carroceria do ônibus. Foi quando surgiu um habilidoso motoqueiro. Tão esperto que conseguiu passar pelo vão entre os veículos e levar uma chuveirada na cabeça. A sorte dele é que usava capacete e tudo ficou empoçado na gola da jaqueta.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Chuva, trânsito e orelhas

O trânsito desperta o que há de pior nas pessoas, especialmente em dias chuvosos. Sabe o clássico “O médico e o monstro”? Então, pior. Esses dias, fui mudar de faixa e, como manda a Auto Escola, acionei a seta, olhei pelo retrovisor o movimento e embiquei o carro. Para quê? Quando o cara que estava naquela faixa (a 100 m de distância) viu que eu ia entrar na frente dele, tratou de acelerar.

Se não bastasse, buzinou como se eu cometesse um crime. Pelo retrovisor, vi que ele gesticulava um ***## e, aos poucos, voltava a conduzir seu carro a 20 km/h, sua velocidade de cruzeiro até eu decidir me deslocar para a direita.

Ontem, a caminho do show do Bon Jovi (aplausos), conversava com o taxista sobre a ignorância das pessoas no trânsito. O tema surgiu justamente porque a cidade de São Paulo estava parada e as pessoas achando que sinal de luz e buzinada resolveria o problema de infraestrutura da capital paulista em dez segundos.

Ele me contou que, uma vez, estava na Av. Roberto Marinho, quando um humorista famoso e antigo da televisão, decidiu se tornar o dono da via. Com o carro ocupando as duas faixas, ele não pensou duas vezes ao tender um pouco mais para a esquerda. Foi quando ralou seu importado na lataria do táxi. Segundo o taxista, o episódio culminou em muito palavrão da bem-humorada celebridade, seguido de fuga. Afinal, famosos assim têm bastante dinheiro para poder fugir.

Show de "humor" mesmo foi o que aconteceu na bela noite chuvosa de hoje. Um amigo, que também pilota Kombi, foi testemunha de uma das reações mais bizarras que eu já ouvi falar. Assim ele conta:

- Uma mina bateu na traseira de um tio a meio quilômetro por hora, na Rebouças. O tiozinho saiu do carro revoltado, foi como quem ia socar a cara da mina. Todo mundo olhando. Aí ele puxou a orelha dela e voltou para o carro.

Sabe o que é pior? É mais fácil as pessoas começarem a andar com protetor de orelha do que achar isso tudo um absurdo.