segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Passos de quem passa

Traçar o mesmo roteiro para chegar ao trabalho faz criarmos amigos desconhecido. Isso mesmo, amigos desconhecidos. É assim como eu classifico as pessoas que vejo todos os dias – e no mesmo horário - transitando ou trabalhando pela calçada. Nunca parei o carro e me fingi de pedestre para conversar com eles, mas já lhes dei nomes. Afinal, tornamo-nos colegas de rotina e de cidade. Testemunhas ocultas de coisas importantes, como uma batida policial, um semáforo quebrado ou o tombo de alguém distraído.

Na região da Paulista existem alguns personagens que merecem minha atenção. Uma delas é a uma senhora japonesa, bem pequenininha e gordinha, com lenço amarrado na cabeça, que passa suas primeiras horas da manhã passeando com seu poodle. Eles batem altos papos. Uma amizade muito bonita. Batizei-a de dona "Olga". Ela tem cara de Olga. Já o poodle se chama “Minuinho”, porque ele tem cara de qualquer coisa no diminutivo.

Outra figura carimbada do Cerqueira César é o vendedor de flores da Alameda Santos. É o seu "José". Ele vende rosas amarelas, vermelhas, cor-de-rosa e brancas. Ele acomoda suas flores sobre uma caixa de madeira (ou algo parecido) e as arruma em montes, cada cor tem o seu. Elas estão sempre bonitas e borrifadas com água. Não tem nada mais charmoso do que comprar flores na banca improvisada do seu José. Vida difícil, mas o sorriso sempre no rosto.

O seu José é vizinho de banca do seu "João", que vende frutas. Toda manhã tem abacaxi cortado, para os clientes que querem comer os nacos na hora. Aquele cheiro de fruta fresca, que passa pela fresta da janela do carro é uma tentação. O seu João foi pioneiro no comércio do quarteirão. Já conhece todo mundo, adora uma prosa e sempre acena para os transeuntes apressados.

Ah, e não posso me esquecer da "Valdete". A Valdete é uma mulher alta, de cabelos longos e tingidos de loiro, unhas pintadas de vermelho e plataforma no pé. A Valdete tem a pele bem judiada pelo sol - deve ter uns 50 anos –, mesmo assim, faz pose de quem para o trânsito. Apesar de perua, Valdete tem a sua verdade e, com ela, conquista os olhares de quem passa…

2 comentários:

jovana chances disse...

meudeus, o vendedor de flores é muito josé. nunca vou perguntar o nome dele só pra nao me decepcionar hahaha

Anônimo disse...

muito bom o blog!
toda vez q engato a marcha ré, não dá outra..um monte de gente passando!!

bjs!!