quarta-feira, 15 de setembro de 2010

São Paulo e cerveja

Cerveja funciona assim: você bebe e, repentinamente, sua bexiga começa a gritar. Não há aviso prévio, do tipo, “gata, está ficando cheia, trate de achar um toalete agora.” Com tal fato em mente, imagine o seguinte cenário - sábado à noite, bar e a motorista da vez ao volante. Acrescente agora no contexto, a Kombi. Já sentou nos bancos traseiros de uma? Liquidificador é pouco para descrever. Somam-se a tudo isso as “belas” ruas de São Paulo.

Pois é. Somente quando a sua bexiga está cheia é que você realmente percebe quantos buracos têm pelo caminho. Infelizmente, quem chegou a essa conclusão fui eu. A cerveja começou a falar de uma hora para outra. Em poucos segundos, ela tagarelava. Minhas mãos começaram a suar e as pernas não tinham como se entrelaçarem mais – e olha que pratico yoga.

Segundos pareciam minutos e minutos, horas. Tudo estaria sob controle, se não fossem aqueles trancos. E tinha para todos os gostos. Valetas, tampas de bueiros, ondulações, crateras, ranhuras para recapeamento... A cada chacoalhada, mais eu segurava e mais apertada eu ficava.

Até que, definitivamente, não deu, e um berro cortou o silêncio da noite:

- POOOOOOOOSTO!

Como uma brava guerreira, resisti à manobra brusca para entrar no local. Superei qualquer regra social que diz “mocinhas não usam banheiros de postos” e entrei no toalete.

Mas a história não acabou por aí. Sabe aqueles pesadelos que você tenta desesperadamente chegar a um banheiro e nunca acha? Então, igual. Quando dei de cara com o vaso sanitário, reparo que um item importantíssimo se ausentou. Sem papel higiênico, n-ã-o r-o-l-a!

Corri até a Kombi. Onde tem bolsa de mulher, sempre há lencinhos ou similares. Volto ao banheiro em disparada. Sem o problema do papel, detalhes como os azulejos emporcalhados, o chão molhado e o xixi espalhado por tudo quanto é canto começam a ganhar proporções gigantescas.

O que era para ser um alívio virou um tratado filosófico. Entre conselhos da mãe na infância, cenas do Dr.Bactéria no Fantástico, tudo que aprendi nos livros de biologia do colégio e a técnica de uma amiga de acender luzes em lugares suspeitos com o pé, optei por recorrer às aulas da academia. Afinal, a máxima de que banheiros públicos tonificam as pernas é verdadeira.

Como concentração é meu forte – só passei no teste psicotécnico para tirar a CNH por causa dela -, respirei fundo e me mantive por exatos dois minutos no lento processo de esvaziamento. Posso dizer que renasci.  

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