quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Amigos telespectadores

Eram apenas dois carros, um caminhão do Corpo de Bombeiros e uma ambulância de resgate (‘just in case’). Não havia gritos, choro e nem aquela muvuca de gente. Era um acidente aparentemente simples, daqueles que um dos carros roda e o outro vai parar no canteiro central, mas passageiros e motoristas estão intactos.

Mesmo assim, a audiência do acidente era a mesma do último capítulo da novela das oito. Todo mundo queria ver a desgraça alheia e avaliar quanto contorcidos ficaram os carros. E eu, louca para voltar para a casa e ter um momento de tranquilidade antes de dormir, tive de enfrentar aquele trânsito às 21h de uma segunda-feira.

Fazer o quê? As pessoas adoram ver a desgraça alheia! Nenhuma buzinada da minha parte surtiria efeito. Esperei, esperei, até que o trânsito fluiu. Nada de sangue, nada de saco preto na calçada, nada de pessoas chorando e carros de ponta cabeça. Os brasileiros não tiveram o mórbido prazer de ver uma desgraça e ainda por cima perderam o capítulo da nova novela. É isso que dá trocar o “Caminho das Índias” pelo caminho de casa.

A mim, que não assisto a novelas e muito menos a acidentes, coube um sorriso de triunfo e, obviamente, uma nova história. E, melhor, sem gastar buzina.

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